domingo, 10 de junho de 2012

Nelson da Rabeca

Músico e compositor autodidata, Nelson da Rabeca também aprendeu sozinho a construir suas próprias rabecas.




por Keyler Simões
(jornalista e produtor cultural)


Nelson dos Santos, nascido em 1929, em Joaquim GomesAlagoas, é compositor, instrumentista e construtor de rabecas autodidata. Começou a tocar esse instrumento com 54 anos de idade.

Sua obra abrange vários gêneros da cultura rural nordestina, como baião, xote, marcha, forró. Apreciado em Alagoas por um público cada vez maior e reconhecido por estudiosos e músicos Brasil afora, Nelson da Rabeca é o tema de um dos oito capítulos do livro Rabeca, o som inesperado (2002), que acompanhou Nelson e mais três rabequeiros do sul do país no processo de construção do instrumento.

Nelson dos Santos, mais conhecido como Nelson da Rabeca, que, até seus 54 anos de idade era cortador de cana nas usinas de Marechal Deodoro, cidade próxima a Maceió, e que ao ver um violino pela televisão, apaixonou-se pelo instrumento e decidiu fazer o seu próprio.

Daí nasceu a rabeca, que transformou sua vida. Passou a confeccionar e a tocar o instrumento, como ele próprio diz: “de cabeça”, sem nenhuma aula ou orientação. Ficou conhecido depois que começou a frequentar a Praia do Francês, onde tocava e vendia suas rabecas.

Em meados dos anos 90 passou por um problema de saúde que o deixou de cama. Por morar numa casa muito humilde e afastada da cidade, um grupo de amigos e admiradores criou o movimento Amigos do Nelson que tinha por objetivo arrecadar dinheiro para comprar uma casa mais digna e próxima, pois ele morava no distrito de Taquanduba.

Nessa época (2001) gravou o seu primeiro CD Caranguejo Danado, pelo SESC, o que lhe valeu um convite para participar do projeto Sonora Brasil, percorrendo o país e conquistando mais admiradores, como Hermeto PaschoalSiba (Mestre Ambrósio)Mestre Salustiano (PE), Antônio NóbregaWado etc... Com o dinheiro dos shows foi possível comprar a casa em que mora atualmente, onde tem a sua oficina e onde recebe os amigos.

Hoje, Nelson já gravou três CDs, gravou um show em DVD, tocou em quase todo o Brasil, participou por uma segunda vez do Sonora Brasil, foi entrevistado por Jô Soares, tocou no Canecão, no Rio de Janeiro, e teve sua vida num documentário: o vídeo Rabequiê - a vida e a obra de Nelson da Rabeca, que eu produzi e minha amiga Fernanda Reznik dirigiu. O documentrio conta a história deste que é um dos mais queridos e talentosos artistas alagoanos.

Nelson da Rabeca é uma das pessoas mais iluminadas que existe. Toda a sua história, garra e determinação, sem falar em seu carisma, me conquistou em 1994, quando eu acompanhava um amigo músico, Alexon Dourado, num passeio de bicicleta até Marechal Deodoro, para a compra de uma rabeca. Desde então, surgiu uma amizade e uma admiração muito grande entre nós dois. Sempre o admirei, como artesão, músico e como pessoa.

Em 2004, lançei o CD Música Popular Alagoana Volume I, com o próprio Nelson da RabecaTororó do RojãoVerdelinho e Jurandir Bozo. A nossa idéia é possibilitar que as pessoas conheçam esses artistas alagoanos que tanto fazem por Alagoas, através de sua arte. Nelson da Rabeca simboliza muito bem tudo isso, pois quase 82 anos de idade é um exemplo de vida e de profissional. Além de músico de mão cheia, é um artesão como poucos.

Hoje todos o conhecem por Nelson da Rabeca, sempre acompanhado de sua companheira Benedita conquista a todos por seu talento e simpatia, com um sorrisso solto, quase infantil.

Um comentário:

  1. É temos que buscar conhecer as personalidades de nossa terra e aprender a valorizar cada vez mais, este e outros que parecem ser esquecidos.... porém uma nova geração surge em JG, geração esta que tenta cultivar e incentivar os talentos da terra!

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